Atleta foi o primeiro colocado mas estava usando um Prime X, o "proibidão" da Adidas
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ATUALIZAÇÃO: A Federação Catarinense de Atletismo soltou um comunicado sobre o acontecido.
"O evento "Meia Maratona SC21k 2023" registrado sob o PERMIT
BRONZE 53/2023, acontecido no dia 26 de novembro de 2023 que teve como
Delegado Técnico o Sr Diego Rodrigo da Silva CBAT 6186/cat-B obteve a
liberação mediante entrega de documentação dentro dos prazos corretos.
Mediante esse esclarecimento o mesmo enquadra-se em evento oficial e
dessa forma necessário que todas as normas e regras WA/CBAt/FCA sejam
aplicadas, em decorrência disso o ocorrido de denúncia trata-se de
irregularidade no tênis utilizado pelo atleta Sr EZRA K. KIPCHUMBA
atleta do Quênia inscrito sob o número 22, vencedor da prova na
modalidade meia maratona no naipe masculino, intitulada "21k masculino".
Vale ressaltar que o atleta possui autorização para competir no Brasil
vigente normalmente.
Mediante o entreposto da solicitação de esclarecimento, o atleta Sr EZRA
K. KIPCHUMBA utilizou-se do calçado Adidas Adizero Prime X, calçado esse
que não encontra-se liberado para utilização em corridas oficiais, autorizados e homologados pela WA/CBAt/FCA.
Recomenda-se nesse caso a desclassificação do Sr EZRA K. KIPCHUMBA
atleta do Quênia inscrito sob o número 22 da modalidade Meia Maratona no
naipe masculino da referida prova "Meia Maratona SC21k 2023, mediante a
aplicação da Regra 5 (RT5).
Anexos remetidos por e-mail a organização como prova:
1 - Lista de Calçados autorizados para competições oficiais WA/CBAt/FCA
2 - Registro Fotográfico apresentado da prova de referência do atleta e respectivo calçado
Sendo esse para o momento."
O queniano Ezra Kering Kipchumba foi o primeiro colocado da S21K, prova que acontenceu no dia 26 de novembro com 1:03:54. Uma vitória acachapante, já que o segundo colocado, Jurandyr Couto, chegou cinco munutos depois dele. Já estamos acostumados a assitir vitórias de quenianos em provas no Brasil e no mundo mas essa primeira colocação mudará de mãos, ou nesse caso, de pés.
Fui alertado por um assistidor-leitor que acompanha o trabalho do Corrida no Ar de que Ezra estaria usando um tênis ilegal na prova e me mandou uma foto do corredor para que eu pudesse apurar essa informação, que tinha chegado a ele através do podcast Por Falar em Correr, do meu amigo Enio.
Vi a foto, entrei em contato com um amigo que tem amigos no site Foco Radical e pedi para que ele buscasse outras fotos do corredor na prova enquanto eu procurava fotos do modelo que ele estaria usando.
Com as fotos em mãos, entrei em contato com a organização da SC21K, avisei sobre o problema e que o atleta deveria ser desclassificado ter usado o Prime X. A resposta foi rápida. "Vamos entrar em contato com a Federação Catarinense de Atletismo para emitir um comunicado desclassificando o atleta".
De fato, a organização da prova pode até desconhecer a regra dos tênis, mas era obrigação do árbitro da prova, que pertence à Federação, de saber quais tênis podem e não podem ser usados em competições.
Já aconteceu antes e com o mesmo tênis. Em 2021, o vencedor da Maratona de Viena, o etíope Derara Hurisa (2:09:22) foi desclassificado cerca de uma hora após o final da prova por também ter usado um Prime X.
Qual é o problema do Prime X? A regra "Alphafly" da World Athletics surgiu para limitar a altura dos tênis de corrida e o uso das placas de carbono. O tênis para ser usado nas corridas de rua não pode ter mais do que 40 mm (a altura do Alphafly original) e não pode ter mais do que uma placa de carbono (tipo sanduíche). O Prime X fere as duas regras. Ele tem 50 mm de altura de amortecimento e tem "sanduíche" de placa.
Em tempo: essa regra só aplica aos corredores de elite, que estão alí disputando a vitória da prova. Para nós, amadores, não há esse problema e o uso é livre.